ORAÇÃO INICIAL
“Sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15,5).
Ó meu Jesus, preparo-me neste instante para acompanhar-Vos em Vossa Via Sacra. Nela eu Vos encontrarei chagado, sem forças e ensangüentado. Forte expressão usa a Escritura ao referir-se à Vossa Paixão: “Eu porém, sou um verme, não sou homem, o opróbrio de todos e a abjeção da plebe” (Sl 21, 7). Muito diferente está Vossa Divina figura d’Aquela que os Apóstolos contemplaram no Tabor, ou caminhando sobre as águas, ou curando os enfermos. Nessa divina tragédia verei estampada a feiúra e a maldade de meus pecados. Aos Vossos pés deposito minhas misérias e peço-Vos perdão pela enorme culpa que tenho em Vossos tormentos!
Recorro, para isso, à intercessão da Virgem Dolorosa. Que Ela me cubra com seu maternal manto, auxiliando-me a unir-me a Vós e também a abraçar a minha cruz. Amém.
VIA SACRA
I ESTAÇÃO – Jesus é condenado à morte
V/. Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos.
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Pilatos tornou a entrar no pretório, chamou Jesus e disse-Lhe: “Tu és o rei dos judeus?” (…) Respondeu Jesus:” O Meu Reino não é deste mundo; se o Meu Reino fosse deste mundo, pelejariam os Meus servos, para que Eu não fosse entregue aos judeus; mas o Meu Reino não é daqui” (Jo 18,33 e 36).
Pilatos (…) fez com que lhe trouxessem água, lavou as mãos diante do povo e disse: “Sou inocente do sangue deste homem. Isto é lá convosco!” E todo o povo respondeu: Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos!” Libertou então Barrabás, mandou açoitar Jesus e lho entregou para ser crucificado (Mt 27, 24-26).
Jesus, ao afirmar não ser o Seu reino deste mundo, não deixa de querer ser o Rei dos nossos corações. Ele irá entregar-Se nas mãos dos carrascos por amor a nós. Neste momento de Sua prisão, não devemos oferecer-Lhe também nossos corações?
Não quero ser neutro face a esse profundo desejo de Jesus. Essa foi a grande falta cometida por Pilatos: a neutralidade diante de um apelo divino e de uma criminosa acusação.
Jesus está a implorar meu coração neste passo da Paixão, Ele quer a minha santificação.
Ó meu adorável Jesus, vejo o enorme peso dos meus pecados no ódio dos que Vos rejeitam. Aceitai, Senhor, o meu pobre coração e assumi-o como Rei e dono absoluto. Estou seguro de que se assim o fizerdes, jamais Vos ofenderei.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória
V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores.
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.
II ESTAÇÃO – Jesus Carrega a Cruz às costas
V/. Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos.
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Ele próprio carregava a sua cruz para fora da cidade, em direcção ao lugar chamado Calvário, em hebraico Gólgota (Jo 19, 17).
Em verdade, Ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos (Is 53, 4).
Jamais um romano poderia ser condenado à morte de crucifixão, por ser a cruz o símbolo máximo da desonra, reservada aos piores criminosos. Mas o sinal da vergonha por excelência foi abraçado por Jesus, “Ele próprio carregava a sua cruz…”
Neste passo da Paixão, Jesus toma sobre Seus ombros adoráveis os meus pecados. Entretanto, o Divino Redentor é Rei tão grandioso que transformará a cruz em objecto de elevada nobreza e distinção. Ela será colocada no alto das igrejas, nas coroas dos Reis… e será a paixão dos santos.
Que devo eu oferecer a Jesus neste momento em que O vejo beijar a cruz?
Ó Jesus meu! Ao ver-Vos ajoelhado para abraçar o instrumento do Vosso suplício, lanço-me a Vossos pés contrito e humilhado. Consumi todas as minhas culpas na Vossa infinita misericórdia e transformai-as em mais uma coroa de Vossa glória.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.
III ESTAÇÃO – Jesus cai pela primeira vez
V/. Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos.
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo
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Mas Ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniquidades. O castigo que nos salva pesou sobre Ele, e fomos curados graças às suas chagas (Is 53, 5).
Terríveis são os nossos crimes, eles fazem cair um Deus feito homem!
Não era longo o caminho até ao Calvário. Contudo, o esgotamento produzido pela flagelação… a coroação de espinhos… a noite sem dormir…
Ele bem poderia negar-Se a continuar a Sua Via Sacra. Bastaria todo o ocorrido para justificar uma incapacidade de prosseguir. Mas, Ele deseja ensinar-nos a nunca desanimar, a jamais desistir. Neste passo, Ele demonstra estar disposto a nos reerguer de nossas quedas, por piores que sejam.
Ó Jesus, castigado pelos meus crimes, elevai-me desta situação em que me encontro, produzi em mim uma verdadeira conversão, para que eu retorne ao caminho de minha salvação e nunca desanime de a alcançar. Que eu deteste tudo aquilo que me separa de Vós. Que eu morra para o pecado e, quando cair, jamais desconfie do Vosso socorro.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores.
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.
IV ESTAÇÃO – Encontro de Jesus com sua Mãe
V/. Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos.
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: “Eis que este Menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada transpassará a tua alma (Lc 2, 34-35).
Ó vós todos, que passais pelo caminho: olhai e julgai se existe dor igual à dor que me atormenta (Lm 1, 12).
“Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração” (Lc 2, 51). Devia Ela lembrar-se com exatidão das palavras do Arcanjo São Gabriel durante a Anunciação: “Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai David; reinará eternamente na casa de Jacob, e o seu reino não terá fim” (Lc 1, 32-33).
Mas como será esse trono e esse reino, deveria pensar Ela, se meu Filho é uma só chaga da cabeça aos pés, sem forças sob o peso da cruz?
Maria, por sua sabedoria, conhecia profundamente a imensa gravidade do pecado. Mas seria necessário levar as coisas a esse ponto? Quem poderia imaginar cena mais trágica? Uma espada de dor penetrou em sua alma puríssima e ali depositou um sofrimento lancinante.
Ó Virgem Dolorosa, perdão! Perdão pela grande culpa que tenho neste passo da Paixão. Agradeço-Vos por Vos terdes associado aos tormentos de Vosso Divino Filho para me redimir. Ó celeste Co-redentora, invoco essa sagrada troca de olhares entre Mãe e Filho, em circunstâncias tão dramáticas, para implorar perdão.
Pai Nosso, Ave Maria, Gloria
V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores.
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.
Continua...
Padre João S.Clá Dias
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